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Entrevista: Comandante do 25° batalhão fala sobre homicídios, tráfico de drogas e atuação da PM na cidade

Lidando diariamente com diversos problemas relacionados à segurança pública o Tenente Coronel (TenCel) Sílvio, comandante do 25° batalhão de Polícia de Sete Lagoas, reconhece o perigo e afirma que o tráfico de drogas está sendo combatido na cidade. Com estatísticas que mostram que o tráfico de entorpecentes está em todas as camadas sociais do município ele garante que o problema maior é o dinheiro fácil. “Faz cada vez mais jovens em situação vulnerável entrarem nesse mundo.” Em entrevista ao SeteLagoas.com.br o comandante fala sobre as drogas e a falta de flagrantes para coibir a atuação de flanelinhas na orla da lagoa Paulino, que usam drogas no local diariamente, confira:

TenCel Sílvio / Foto: Marcelo PaivaTenCel Sílvio / Foto: Marcelo Paiva

SeteLagoas.com.br: No início do ano uma pesquisa apontou um número alto de homicídios na cidade. Seis meses depois as estatísticas estão dentro de uma normalidade para uma cidade do porte de Sete Lagoas, ou ainda preocupam?

TenCel Sílvio: A questão do homicídio é muito preocupante, os números de Sete Lagoas, infelizmente, são altos. Nós temos percebido no último ano, 2011, que houve um acréscimo comparado com os anos anteriores. Grande parte desses homicídios são execuções e está ligada ao tráfico de drogas por causa das características: pessoas de moto e grande quantidade de disparos. Em grande parte as vítimas já tem passagens pela polícia. São números altos, estáveis com tendência de diminuição. Temos intensificado o combate ao tráfico, as ocorrências têm aumentado, porque foi intensificado o combate. É um crime preocupante e a intensificação aumenta o número de ocorrências.

SeteLagoas.com.br: A maioria dos envolvidos em tráfico de drogas é jovem. Como fica a participação da PM para a diminuição no número de mortes de jovens, faltam políticas públicas, há outros poblemas? 

TenCel Sílvio: O grande problema que eu vejo nas questões de políticas públicas envolvem educação, saúde e várias outras áreas. O Estado também não estava preparado para o surto que aconteceu com o crack. Mas eu vejo o tráfico de drogas principalmente como questão econômica, é uma empresa rentável. Para se combater o tráfico terá que fechar essa vertente da economia. Em poucos dias de trabalho no tráfico o cidadão tira mais do que a média salarial hoje, isso é atrativo. O tráfico é uma empresa rentável, e para combater é preciso uma guerra, a palavra é essa, guerra, envolvendo vários setores. O Estado precisa declarar guerra em conjunto com vários setores da sociedade.

SeteLagoas.com.br: Os lavadores de carro na orla da lagoa Paulino ficam usando e traficando drogas na área, várias denúncias já foram feitas. Como combater, é falta de um flagrante, uma ação específica?

TenCel Sílvio: Não é falta de fiscalização. Pra você tomar providência, você tem que deparar com o cometimento do crime. A Polícia é muito questionada sobre isso, mas o cidadão tem o direito de ir e vir, não podemos fazer nada sem que aconteça algum delito, uma extorsão. O problema do flanelinha é social mesmo porque não é beirada de lagoa Paulino que acontece tráfico. Se pegarmos números de onde acontecem as ocorrências, elas estão em todas as camadas sociais, todas as partes. O flanelinha não é competência exclusiva da PM, é uma atividade irregular, tem outros fatores envolvidos.

SeteLagoas.com.br: A cidade tem um traço interessante porque cresceu demais e recebeu muita gente que veio trabalhar e morar aqui. Essa mudança de ares interioranos para uma cidade grande, onde as pessoas não se conhecem mais, modifica o trabalho da Polícia?

TenCel Sílvio: Gosto de falar que o progresso traz o bom e o ruim. Um dos fatores que melhora muito a segurança é a agregação social. Cidades menores onde as pessoas são mais conhecidas os índices na área de segurança são menores. Agora, o que a gente precisa ver nisso aí é que a cidade vai crescendo e as pessoas vão se tornando mais anônimas, os grandes centros têm índices de criminalidade maiores, isso é importante observar, e podemos perceber isso aqui.

SeteLagoas.com.br: A área da Fazenda Arizona é uma área de risco? Via de regra são encontrados produtos de furto e até cadáveres na região, há um problema maior naquela área?

TenCel Sílvio: Alguns fatos sim aconteceram, mas são coisas pequenas, não podemos falar que aquele local é um local de risco. Os delitos que acontecem ali e nas imediações são normais e acontecem em outras regiões da cidade. Não podemos falar que ali é um local de desova de corpos, não podemos falar que é depósito de produto roubado, não, isso aí você não pode falar. A área lá é próxima a serra de Santa Helena e não é uma zona quente de criminalidade. Os delitos que acontecem ali estão dentro da normalidade.

SeteLagoas.com.br: Moradores do Kwait denunciam o aumento da criminalidade após desapropriação de casas na região pela prefeitura onde os moradores foram para o Jardim dos Pequis. Aquela região preocupa?

TenCel Sílvio: Dentro daquela área temos o GEPAR (Grupo Especializado em Proteção a Áreas de Risco), que atua lá, temos detectado uma atuação muito eficiente e não se percebe um aumento de criminalidade naquela área. A região tem atenção especial, mas não é propriamente um local de grandes acontecimentos.

SeteLagoas.com.br: Existe a possibilidade de o policiamento na cidade ficar defasado com o contingente atuando na Exposição na próxima semana?

TenCel Sílvio: Não haverá nenhum prejuízo ao policiamento normal da cidade. Para esse evento recebemos o apoio da 14ª região, a qual pertencemos, e do batalhão especializado em policiamento de eventos. Então não há nenhum prejuízo ao policiamento em Sete Lagoas durante a exposição.

O comandante do 25° batalhão finaliza pedindo sempre o apoio da população no combate a criminalidade. “É preciso que a população seja participante no processo de segurança pública denunciando sempre”. O 181 está à disposição para denúncias, o sigilo é garantido.

Por Marcelo Paiva



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