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Patrimônio histórico e cultural continua sendo demolido

Em menos de uma semana, mais uma casa inventariada pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Compac) foi parcialmente demolida em Sete Lagoas. Assim como aconteceu a outras dois imóveis na semana passada, sem autorização do Compac, desta vez a ação foi sobre casa na Rua Maestro Paizinho, 108, que também integra o complexo do Museu do Ferroviário.

O estrago só não foi maior porque a presidente do Compac, Shirley Francisca da Silva Fonseca, chegou ao local no momento em que um trator seria utilizado para demolir a fachada. Acompanhada de policiais militares, ela conseguiu que a obra fosse embargada por fiscais da Secretaria de Obras e Infra-Estrutura Urbana.

Tombado em nível municipal e protegido pelo Compac, o imóvel tem aproximadamente 60 anos e foi construído na década de 30. A edificação foi residência do maquinista Antônio Batista Nunes de Souza, seu primeiro proprietário, que hoje dá nome a rua no tradicional bairro Boa Vista. O atual proprietário, Antonio Delfino Santos, segundo os agentes de fiscalização, sequer teve o cuidado de tentar licença para intervir na residência junto à Secretaria de Obras.

Com a presença da Polícia Militar, um homem que se identificou como José Luiz e também como representante legal do dono do imóvel, afirmou que a casa estava caindo. “Estava tudo desabando, estávamos limpando o lote para evitar acidentes e invasão por moradores de rua. A intenção era só limpar”, resumiu. Agressivo, José Luiz tentou impedir que a reportagem fotografasse o local

A explicação de um representante do proprietário que estava no local não convenceu a presidente do Compac e os agentes de fiscalização da Prefeitura Municipal. “A obra está embargada por falta de autorização do Conselho do patrimônio e da Secretaria de Obras para intervir na edificação. O caso será levado para a Procuradoria do Município, que deve abrir processo contra o proprietário”, explicou o agente de fiscalização André Tavares.

Conforme consta no Livro de Inventários da Prefeitura de Sete Lagoas, o imóvel encontra-se em bom estado de conservação, necessitando apenas de pintura. Com a demolição parcial, a edificação perdeu parte de sua varanda, mas ainda manteve intacta a fachada e estrutura interna. A residência, atualmente fechada, tem estilo eclético com fachada ornamentada com detalhes neoclássicos.

O primeiro proprietário, Antonio Batista Nunes foi um dos benfeitores de Sete Lagoas. “Maquinista, dedicou parte de sua vida como voluntário do Hospital Nossa Senhora das Graças, tendo doado, por mais de 600 vezes, sangue para enfermos daquela instituição. O fez até que fosse proibido pelos médicos. Seu nome figura entre os maiores beneméritos da cidade. É hoje identificação de Rua no Bairro Boa Vista”, consta nos registros do Departamento de Pesquisa do Museu Histórico da cidade.

por Celso Martinelli



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