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Mulher que levou morto ao banco para saca aposentadoria é indiciada pela polícia

A polícia investiga se a mulher que levou o cadáver de um idoso até uma agência bancária de Campinas (93 km de SP), no último dia 2, de fato mantinha um relacionamento com o homem, um escrivão de polícia aposentado de 92 anos. Em seu primeiro depoimento à polícia, ainda no início do mês, ela afirmou manter um relacionamento estável com o idoso há cerca de dez anos.

Fachada da agência do Banco do Brasil em Campinas (SP) onde uma mulher levou um idoso morto para sacar a aposentadoria dele/Foto:  Luciano Claudino/Agência O GloboFachada da agência do Banco do Brasil em Campinas (SP) onde uma mulher levou um idoso morto para sacar a aposentadoria dele/Foto: Luciano Claudino/Agência O Globo

Um laudo entregue à Polícia Civil nesta quinta-feira (15) indica que o idoso havia morrido cerca de 12 horas antes de seu corpo ser levado pela mulher até uma agência do Banco do Brasil, na região central de Campinas. A causa da morte foi natural, ainda de acordo com o parecer.

A suposta companheira, que também afirmou à polícia estar desempregada, levou ao local o idoso para fazer prova de vida e tentar sacar a aposentadoria dele, ainda de acordo com a polícia, numa suposta tentativa de fraude contra a previdência do estado de São Paulo.

As investigações apontam que o escrivão aposentado morava sozinho, era viúvo e recebia visitas da desempregada, quase vizinha dele, com certa frequência. “Ela [desempregada] ajudava ele a fazer algumas coisas. O pessoal do banco disse que ela ia quase todo mês com o idoso à agência. Mas quem movimentava o dinheiro era ele. Ela alegou ser companheira dele, mas não é assim uma coisa que se comprovou, não. Tudo indica que não”, afirmou ao Agora José Henrique Ventura, delegado titular do Deinter 2 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2).

Segundo o delegado, nesta sexta-feira (16) foram ouvidos um segurança do banco, uma vizinha do idoso, além de funcionários da agência para onde o corpo foi levado. Uma porteira do condomínio onde o escrivão aposentado morava também prestaria depoimento ainda nesta sexta.

“O segurança e os funcionários do banco vão ajudar a entender se iam [o idoso e a mulher] normalmente juntos ao banco. A porteira vai também ajudar para entendermos qual era a relação entre os dois e com qual frequência a mulher entrava e saída da casa do idoso”, explicou o policial.

Após analisar depoimentos de testemunhas, a polícia vai “formar uma convicção” sobre o caso para intimar a desempregada. “Vamos chamá-la [à delegacia] na segunda [19] ou terça-feira [20]. Antes disso, já vamos decidir se ela fará declarações ou se já será indiciada por tentativa de estelionato e ainda vilipêndio de cadáver [desprezar ou humilhar corpo].”

Até a próxima semana, a Polícia Civil de Campinas pretende esclarecer algumas dúvidas como: se a mulher de fato era companheira do idoso e qual a real intenção de levá-lo morto ao banco?

A polícia também investiga se o corpo do escrivão aposentado foi amarrado em uma cadeira de rodas usada pela mulher para transportá-lo até a agência bancária.

“Parece que ele [corpo] estava amarrado [na cadeira de rodas] com um lenço. Tudo isso estamos apurando para fechar [a investigação]”, afirmou o delegado titular do Deinter 2. Esta informação foi observada por funcionários do banco, no dia da ocorrência, segundo apurado pela reportagem.

A polícia também aguarda imagens de câmeras de monitoramento para verificar se a mulher teria tentado usar terminais de autoatendimento, com as digitais do escrivão aposentado, para sacar dinheiro. O valor da aposentadoria do homem não foi informado.

A mulher não apresentou nenhuma procuração que a autorizava a movimentar as contas do idoso. Ela também, segundo a polícia, entrou em contradição ao afirmar duas histórias sobre a última vez em que falou com o então companheiro.

Em uma delas, afirmou ter falado com o idoso na manhã em que o levou ao banco. “Porém em outro momento, questionada pelos guardas de quando teria conversado [com o idoso] pela última vez, afirmou que havia falado com seu companheiro na data de ontem [1º de outubro]", afirma trecho do boletim de ocorrência.

Ao chegar na agência, a desempregada teria tentado ser atendida rapidamente, passando a afirmar que o idoso estava passando mal, fazendo com que testemunhas acionassem o Samu.

Por causa das duas versões contadas pela mulher, além da suspeita de o idoso ter sido levado já morto ao banco, situação confirmada nesta quinta por meio de laudo, os GCMs decidiram apresentar o caso no 1º DP de Campinas. O Agora tentou entrar em contato com a desempregada, mas não havia conseguido até a publicação desta reportagem.

Com Folha SP

 



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