Menu

80% dos internados por Covid em UTIs de Minas não completaram imunização

Balanço divulgado nesta quinta-feira (20), pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), aponta que 80% dos internados por Covid-19 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são pessoas que não se vacinaram ou que tomaram apenas a primeira dose da vacina. Nas enfermarias, a ocupação de pacientes que negaram a imunização e não foram receber a segunda e terceira dose é de 85%.

Foto: Prefeitura de Sete Lagoas / DivulgaçãoFoto: Prefeitura de Sete Lagoas / Divulgação

Os dados foram retirados do sivep-gripe. Ao todo, o Estado contabiliza 437 pessoas internadas em UTI, sendo que 324 (74,4%) não se vacinaram, 26 receberam apenas a primeira aplicação (5,9%) e 87 (19,9%) tomaram a segunda dose ou dose única. Já nas enfermarias, são 1.799 pacientes hospitalizados. Do total, 1.426 (79%) não têm registro de vacinação contra a Covid, 118 (6,5%) estão com a imunização incompleta e 255 (14,1%) já completaram o esquema vacinal.

Professor da Faculdade de Medicina da UFMG, o infectologista Unaí Tubinambás diz que a ocupação das UTIs por não vacinados reforça os resultados dos estudos clínicos dos imunizantes que apontavam para uma proteção sobre formas graves da doença. "Felizmente no Brasil a população aderiu maciçamente à vacinação. Mas, mesmo que tenha um percentual de 15% que não se vacinou ou têm esquema incompleto, acaba lotando os hospitais. É uma notícia boa e um alerta para aqueles que não querem se vacinar", analisou o médico que também integra o comitê de enfrentamento à doença em Belo Horizonte.

Para o médico infectologista e professor emérito da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais José Geraldo Ribeiro os dados não indicam nenhuma surpresa, e confirmam o cenário vivenciado em todo o mundo. Ele explica que o cenário de hospitalizações em não vacinados será acentuado com o avanço da variante ômicron. “Ela vai exigir um nível de imunidade maior para não ter infecção e para proteção da doença grave”, analisa.

O docente ainda diz que a infecção recente pelo coronavírus não gera a imunidade esperada por grupos que negam a imunização. “Alguns estudos já mostram que ter tido infecção anterior não acrescenta muita coisa. São dados que confirmam o que nós colocamos desde o início: a vacinação é a melhor forma de se proteger. As pessoas que não estão se vacinando estão correndo risco pessoal e colocando todo o grupo ao seu redor em risco”, acrescentou.

Sobre o percentual de pessoas imunizadas com duas doses hospitalizadas José Geraldo ressaltou que é um resultado natural para qualquer tipo de vacina. “Falhas vacinais ocorrem, principalmente com uma nova variante, em idosos e pessoas que têm alguma doença que causa imunossupressão", analisa o médico.

O infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) Renato Kfouri reforçou que os grupos mais vulneráveis, como os idosos e portadores de doenças crônicas, são mais vulneráveis à infecção. Ele lembra que já foi aprovada a quarta dose da vacina contra a Covid-19 para imunossuprimidos, na tentativa de reforçar a imunidade. “Para esse público a gente tem que oferecer algumas alternativas como doses de reforço em intervalos mais curtos, estratégias de prevenção, combinar alternativas terapêuticas para reduzir os impactos”, frisa.

Ele explica que os laboratórios devem atualizar os imunizantes disponíveis, tanto para buscar mais proteção aos mais vulneráveis, quanto para evitar quadros leves em pessoas completamente vacinadas, ainda em 2022. Uma alternativa, segundo ele, são vacinas que combinam reforço a mais de uma variante do coronavírus ou que podem proteger contra mais de uma doença respiratória.

“O vírus sofreu mutações e está se distanciando da cepa original vista em Wuhan (China) e, com isso, naturalmente as vacinas vêm perdendo eficácia na prevenção da forma leve. A ômicron está aí e não poupa os completamente vacinados. Ela infecta, deixa sintomático, mas raramente indivíduos que não têm comprometimentos vão ter um agravamento dos quadros”, destaca.

Kfouri ainda alertou para a manutenção dos cuidados pela população, para evitar sobrecarga nos hospitais. “Já temos 200 mil casos por dia e vamos a 300, 400 mil. É muita gente se infectando ao mesmo tempo. Você ter a doença leve em milhões de pessoas traz um enorme prejuízo, desfalca serviços e sobrecarga o sistema de saúde”, acrescentou o médico.

Com O Tempo



Publicidade

O SeteLagoas.com.br utiliza cookies e outras tecnologias para melhorar a sua experiência!
Termos