Menu

PIB mineiro cresce 8,9% e completa 20 trimestres de expansão

  • Categoria: Minas
  • A+ A A-

BELO HORIZONTE (12/12/08) - O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais cresceu 8,9%, no último trimestre – julho a setembro, registrando 2,1 pontos percentuais acima do apurado para o país, que cresceu 6,8% no mesmo período. Este foi o vigésimo trimestre consecutivo que a economia mineira teve um desempenho positivo. Com esse resultado, o PIB mineiro acumula crescimento de 8,3% no ano e de 8,2% nos últimos 12 meses. A expectativa é de que, em 2008, novamente, o PIB de Minas tenha um desempenho melhor que o nacional e, caso atinja 5,5% neste trimestre, feche o ano com 7,6% de expansão.

De acordo com a coordenadora de Contas Regionais do Centro de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro, economista Maria Helena Magnavaca, os números demonstram que a crise financeira mundial ainda não afetou estes resultados. “Em julho e agosto ela ainda não havia se concretizado e tradicionalmente constata-se um atraso na absorção de choques monetários pela economia real”. Além disso, segundo Magnavaca, Minas Gerais produz muitos bens intermediários e fornece insumos para outras atividades, o que faz com que a economia mineira sinta o reflexo de qualquer mudança antes de outros estados.

Entretanto, a economista disse ser esperado um desaquecimento da economia mineira a partir desse quarto trimestre, com redução de consumo, investimentos, exportações e importações, o que já foi constatado em outubro, quando se registrou redução em algumas atividades, inclusive com férias coletivas e retração no nível de investimentos. Segundo ela, Minas Gerais depende muito da agropecuária, especialmente do café, que este ano cresceu 45% e foi a maior expansão desde 1975. Mas “isso não deverá se repetir em 2009, pois o café sofre com a bianualidade - um ano bom e outro ruim -, e 2009 deverá ser o ano de safra ruim”. Afirmou ainda que os setores de mineração, siderurgia, café e de automóveis somam cerca de 70% de nossa pauta de exportações e se os preços das commodities internacionais sofrerem queda, deverá afetar a economia mineira em 2009. Mas ressaltou que as empresas estão operando com 80% a 90% da capacidade instalada, em razão dos investimentos feitos nos últimos anos.

Para Maria Helena Magnavaca, qualquer que seja o PIB do quarto trimestre, Minas crescerá acima do Brasil. “Se o PIB nacional crescer 3,5% no último trimestre, o Brasil fechará o ano com crescimento de 5,5%. Se Minas Gerais crescer os mesmos 3,5%, seu PIB alcançará 6,5% ou 7%”, disse. Segundo a economista, esse desempenho acima dos níveis do Brasil será por conta dos crescimentos dos três primeiros trimestres: 6,2% no primeiro, 9,7% no segundo e 8,9% no terceiro, contra 6,1%, 6,2% e 6,8% no PIB nacional. Ela entende também que as políticas que estão sendo adotadas pelos governos federal e estadual, de incentivar o consumo, reduzir impostos, expandir o crédito e investir em infra-estrutura são corretas, mas dependem do consumidor. “Se eles sentirem confiança para consumir, essas medidas terão efeitos, mas se ficarem com o pé atrás...”, observou.

Setor agropecuário: café pesou muito

No setor de agropecuária, a produção vegetal cresceu 23,9%, sendo 45% somente do café, cuja produção deverá superar a marca de 2,86 milhões de toneladas este ano, a maior safra desde 1975. A produção animal cresceu 3,2%, o trigo 86,5%, o sorgo 39,8%, a cana-de-açúcar 18,8%, o feijão 17,7%, milho 9,2% e a soja 4,9%. A produção de arroz caiu 22,1% e a de algodão 13,6%. De acordo com o IBGE, a produção de grãos no Estado (algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, sorgo e trigo) deverá atingir 9,2 milhões de toneladas, 8,3% maior que a anterior.

A produção de uva cresceu 14,5%, de abacaxi 11,2%, de tomate 9,6% e de coco-da-baía 1,2%. A produção de gado bovino registrou 1,3% a mais, com redução de 17,1% no valor exportado e de 30,8% no volume. Foram produzidos também 8% a mais de ovos no Estado. A produção de leite subiu 7% e Minas deverá atingir 7,6 bilhões de litros no ano, representando 30% da produção nacional e confirmando sua posição de maior produtor brasileiro. A avicultura apresentou queda de 4,4% e o rebanho suíno estagnou (-0,2%). Segundo o estudo da FJP, a avicultura de corte manteve-se aquecida no terceiro trimestre, o que fez o preço do frango vive alcançar o valor histórico de R$1,95/kg em agosto. Este desempenho foi influenciado pelo controle da oferta a partir de julho e pelo aumento de 15,3% das exportações e do consumo interno.

Setor industrial cresceu de maneira generalizada

A indústria de transformação, que participa com 58% do setor industrial, cresceu 6,4%. O refino de petróleo e álcool, um de seus subsetores, cresceu 16,3%. Os minerais não-metálicos cresceram 13,1%, a metalurgia básica cresceu 6,6%, a indústria têxtil caiu 5%, a de celulose, papel e outros produtos de papel recuaram 5,6% e a indústria automobilística cresceu 4,9%. A construção civil cresceu 16,9% devido à melhoria geral da renda da economia, com mais recursos para financiamentos imobiliários e intensificação de obras de infra-estrutura. O setor participa com 16% no setor industrial. Os serviços de utilidade pública (SIUP) cresceram 7,1% e representam 16% no setor.

Esse crescimento deveu-se aos incrementos no consumo de energia elétrica e gás. Segundo a economista Maria Helena Magnavaca, o aumento da demanda por energia elétrica está alavancando o número de projetos de pequenas centrais hidrelétricas no estado. “Entre janeiro e setembro deste ano quatro usinas entraram em operação em Minas Gerais”, registrou. A indústria extrativa mineral expandiu em 9,2% e sua participação é de 10% no total da indústria. O minério de ferro e seus concentrados responderam por 28,7% das exportações de Minas Gerais nos primeiros nove meses, com vendas de 350 milhões de toneladas para a China, parceiro comercial mais importante do estado, seguido por Estados Unidos e Alemanha.

Serviços têm a maior participação

Dos 5,3% de crescimento do setor de serviços, que participa com 59,8% do PIB, o subsetor de transportes, armazenagem e correios contribuiu com um crescimento de 9,1%, devido à demanda interna que, associada à exportação de produtos como minério, siderúrgicos e grãos, incrementaram a expansão da prestação desse serviço. O consumo de diesel, principal indicador do setor, expandiu 5%. Destacam-se o forte crescimento do número de passageiros no transporte aéreo (18,2%) e o aumento de 52,3% no volume de cartas e facsímile. As atividades de comércio e serviços de reparação e manutenção cresceram 7,4%. As vendas de veículos, motocicletas, partes e peças subiram 16,7%, a de combustíveis e lubrificantes 20,1%, a atividade equipamento e material para escritório, informática e comunicação cresceram 37,7% e livros, jornais e revistas cresceram 33,7%. Os aluguéis cresceram 3,2%, a administração pública 3,9% e outros serviços 7,8%.



Publicidade

O SeteLagoas.com.br utiliza cookies e outras tecnologias para melhorar a sua experiência!
Termos