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Você Repórter / Estamos nos transformando na terra das oportunidades perdidas?

Desde que me entendo por gente, e lá se vão mais de 40 anos, que ouço que Sete Lagoas é uma cidade com imenso potencial turístico. Ouço que somos uma cidade linda, o que é verdade, cheia de atrações naturais, o que também é verdade. As pessoas e setores importantes de nossa sociedade civil organizada, tem cobrado, durante todo este período, pelo menos o básico: limpeza e cuidado com nossos logradouros, sinalização e treinamento dos profissionais envolvidos no atendimento ao turista.  Pouco foi e tem sido feito.  As discussões e propostas acontecem, mas são pouco aprofundadas e jamais conclusivas.

Neste período, nossa pujança econômica se acentua a cada ano. E vai ser cada vez maior daqui para frente, queiram alguns ou não. Somos hoje uma cidade industrializada e diversificada como poucas. No comércio temos aqui a grande maioria das redes nacionais. O poder público é que não acompanhou. Nossa infra-estrutura, salvo raras exceções é a mesma de vários anos atrás e o pior, vem se deteriorando a cada dia. No turismo então nem se fala. Enquanto a iniciativa privada dotou a cidade de faculdades de turismo, as ultimas intervenções públicas nesta área vem de mais de duas décadas. Cecé com a urbanização da Gruta Rei do Mato e com o Parque da Cascata e Sérgio Emílio com o Parque Náutico da Boa Vista e com o CAT JK foram os últimos prefeitos a investir.


Enquanto dizíamos que nossa vocação era o turismo de eventos e convenções, o governo do estado triplicou o Expominas em BH, construiu um grande e moderno Centro de Convenções em Juiz de Fora e um lidíssimo as margens do Rio São Francisco em Pirapora, para não falar de outros mais. Nós, daqui, nem assistimos, estávamos alienados e nada fizemos, não pleiteamos, ficamos a divagar.

Neste período, o mundo viu o ecoturismo e o turismo de esportes radicais crescerem e gerar riquezas. A iniciativa privada funcionou mais uma vez por aqui. Diversas pousadas rurais e grandes empreendimentos como o Águas do Treme, o Engenho e o JN Resort floresceram. O poder público pouco pensou e nada agiu. Nem um arborismo no Parque da Cascata foi implantado. Sequer uma simples rampa para saltos de vôo livre foi colocada na Serra de Santa Helena. E por ai vai. Ou pior, não vai.

Ao final de 2008 vimos Betim perder o SADA Betim, time de vôlei que disputa a Liga Nacional e divulgava a cidade para todo o país. Se ofereceram publicamente para outras cidades. O Grupo SADA tem sede de diversas empresas aqui. Sete Lagoas assistiu passiva, pelos jornais, o time e todos os investimentos correlatos irem para o Barro Preto em BH.

Nestes dias vimos Belo Horizonte inaugurar com imenso sucesso o primeiro e maior aquário temático de água doce do Brasil. Voltado para a fauna da Bacia do São Francisco. Ora, somos uma cidade lacustre por natureza e divulgada até no nome. Deveríamos explorar esta potencialidade. Os grandes aquários são sucesso no mundo inteiro. Este deveria ter sido feito aqui. Já imaginaram um na Praça da Feirinha, em frente a Lagoa Paulino e integrado com a Lagoinha do Mucuri? Localização infinitamente melhor do que o de BH. Mais uma oportunidade perdida.

Agora vem mais uma chance extraordinária. A inauguração da Arena do Jacaré. Praticamente às vésperas de uma Copa do Mundo. Já escrevi e propugnei sobre isto. São mais de 40 jogos a nível nacional que podem ser disputados aqui no segundo semestre. Quiçá semifinais e finais de uma Copa do Brasil e de uma Copa Libertadores.  É a chance de nos inserirmos  definitivamente entre as mais importantes cidades do pais. Não podemos é fazer feio. Enquanto o Governo do Estado investe milhões na arena, nosso município pouco acrescentou em infra-estrutura não só do entorno, mas de toda a cidade. Sequer uma definição de transporte coletivo para os setelagoanos irem aos jogos.  O Sete Dias tem sido, mais uma vez o indutor do debate. Precisa ser melhor ouvido.

Lembro-me de quando Uberlândia inaugurou o seu Parque do Sabiá. Jogo de Seleção Brasileira. Transmitido para todo o pais e grande parte do mundo. Pode parecer pouco, hoje é ele é até pouco utilizado, mas foi a arrancada para a consolidação da grande Uberlândia. Pensaram grande. O estádio lá está inserido em um majestoso parque. Tem toda a infra-estrutura necessária. Cidade forte e reconhecida tem mais força para pleitear e conseguir os benefícios. É o circulo virtuoso. Basta ver no que Uberlândia se transformou. E os avanços que consegui.

Está na hora de darmos um basta e agir. Todos juntos. Falei de turismo, existem outras oportunidades tão ou mais importantes perdidas. Enquanto se investe bilhões na transposição e revitalização do São Francisco, não conseguimos arrancar nossa tão necessária E.T.E. (Estação de Tratamento de Esgotos), mesmo sendo nós hoje os maiores poluidores da sua bacia.

Será voltar a pensar grande. Recuperar nossa auto estima. Deixarmos  de ser uma cidade cabisbaixa e ser altiva de novo. Está em nosso brasão. Os resultados virão. Já fomos assim e crescemos. Os exemplos de outras cidade são ainda mais exitosos. Depende da gente.  Ainda há tempo.

 


Texto enviado pelo leitor Emílio de Vasconcelos Costa

falecom@emiliovasconcelos.com.br

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