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Samuel Ferreira

Coluna / Arte e Cultura / A Importância do Diálogo Cultural

Já parou para pensar em todos os costumes que estão ao seu redor a todo o momento? Pensou em porque foram estes costumes que se fundamentaram e não outros? Refletiu como você os tomou para si, na maioria das vezes, automaticamente? Como uma tradição pode ser aceita por uma sociedade e pode ser abominada por outra?

O conjunto desses costumes humanos, de uma determinada sociedade, é denominado Cultura.

Cultura é toda a roupa que você está vestindo neste momento (ou não!), toda a comida que você consome, a música que você escuta, o livro que você lê, o conselho que você dá aos seus amigos e familiares, o emprego que você escolheu, o seu objeto de estudo, etc...

A cultura chega ao ponto de determinar até mesmo o projeto de vida e empregos de algumas pessoas, sem levar em consideração a predisposição do indivíduo. Tem dúvidas? Pergunte a geração mais nova de uma família que teve cinco gerações de médicos, se eles sofrem alguma pressão para estudarem medicina!

Nesta família a cultura e os costumes já estão enraizados em uma cultura de formar os seus membros em médicos, o que pode ser muito perigoso, pois pode não considerar se o individuo quer ou não se formar em medicina.

Funcionamos em nossa sociedade do mesmo modo. Ao passar das gerações criamos e enraizamos nossos costumes de como viver passando-os de geração em geração. Cada sociedade o faz deste modo e determinar os porquês destes costumes terem sido os escolhidos é objeto de estudo de vários pesquisadores no mundo, é muito complexo e não é o objetivo desta coluna.

O objetivo da coluna é promover um diálogo em até que ponto estes costumes são saudáveis e nos mostrar outros universos culturais que existem na mesma quantidade de quantos habitantes vivem na terra, ao passo que cada ser humano é um universo em si.

O multiculturalismo, que são várias esferas culturais convivendo no mesmo espaço, deve ser amplamente discutido de forma respeitosa e inteligente, pois nem sempre a cultura de um povo é um hábito saudável que deve ser incentivado.

Tenho observado um fenômeno que ameaça cada vez mais o multiculturalismo. A globalização tem suas muitas vantagens, mas, ao aproximar tanto as culturas, através, principalmente, da internet, observo uma tendência a um “uniculturalismo” mundial.

De repente todos os jovens do mundo ouvem a mesma música, vestem a mesma roupa, cortam o cabelo do mesmo jeito, acessam o mesmo site na internet, o conceito de beleza é o mesmo aqui e no Japão e apesar dessa “proximidade” de povos distantes não vejo uma abertura destes jovens para um diálogo cultural. Temos perdido muito em diversidade em uma velocidade jamais vista na história da humanidade e de uma forma não conscientizada, e isso não é saudável. Desconstrói-se o que, às vezes, levaram-se milhares de anos para construir, como por exemplo a cultura oriental que é milenar.

Os formatos em que os diálogos culturais podem aparecer são diversos. Concertos, painéis, exposições, teatro, shows, cinema, dança, esculturas, fotografia, arquitetura, gastronomia, filosofia,  literatura, economia, filosofia, teologia e outros são onde mais claramente são refletidos a cultura de um povo.

Pretendo, na medida do possível, ser o mais democrático e variado na coluna, abrangendo a maior possibilidade de manifestações artísticas possíveis.

Apenas o diálogo entre culturas pode manter viva e inteligente a nossa cultura, pois é através dele que nos conscientizamos de nossas preferências e os porquês de outras sociedades terem feito outras escolhas, mesmo que não sejam nem um pouco parecida com as nossas. Com ele podemos acrescentar o que a outra cultura tem de melhor à nossa, nos livrar de nossos vícios culturais e melhorar a nossa qualidade de vida.

Pense nisso, reflita, e da próxima vez que alguém tomar uma atitude, ou tiver um hábito, que você não entende o porquê, seja respeitoso ao ponto de no mínimo tentar entender os motivos que proporcionaram a escolha desta atitude ou costume. Afinal a melhor cultura é a cultura da sabedoria e do respeito.



Samuel Ferreira é regente titular do Coral Dom Silvério. Participa regularmente de congressos em vários estados, onde também faz concertos como regente. Atualmente é bacharelando em piano e canto pela Universidade Federal de Minas Gerais. Veja o currículo completo aqui

 

 

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