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Coluna / Comércio Exterior / Gasolina à moda brasileira

Ninguém se surpreende mais com a facilidade que a informação tem de chegar até nós. Acompanhamos os acontecimentos neste mundo afora quase em tempo real, o que nos permite ver as diferenças do Brasil em relação a outros países, mas também ajuda construir uma visão de mundo capaz de nos mostrar quem somos e se realmente estamos tão conectados como se parece.

O comércio ainda é um dos principais condutores de interação entre pessoas de diferentes países, pois mostra claramente a velocidade da informação quando se difunde, por exemplo, a ideia de que produtos no exterior são mais baratos e acessíveis do que aqui. Compartilhamos a uma velocidade incrível essa ideia a ponto de associarmos produtos mais acessíveis a uma melhor qualidade de vida. Logo, desperta em muitos brasileiros a vontade de usufruir de tais produtos dado que o mercado aqui não oferece melhores condições.

O cidadão que acaba ficando com a divida / Foto: caranddriverbrasil.uol.com.brO cidadão que acaba ficando com a divida / Foto: caranddriverbrasil.uol.com.br

De fato, nem precisa viajar para o exterior para confirmar a informação acima. Basta acessar um site de compras de produtos importados e constatar o preço mais em conta de inúmeros itens dos mais variados estilos e gostos. Caso tenha até comprado neste tipo de site e sua qualidade de vida ainda não é um “padrão FIFA”, fica, portanto, uma interrogação:

Por que existe uma diferença gritante nos preços praticados para muitos produtos no exterior em relação aos mesmos produtos vendidos no Brasil?

Muitos podem atribuir ao excesso da carga tributária, outros podem creditar a deficiência dos investimentos em tecnologia, mão-de-obra especializada ou pouca eficiência da cadeia logística. Poucos, porém, utilizam a informação disponível para analisar que nem sempre os produtos comercializados no Brasil são os mais caros quando comparados com outros países – ainda que seja difícil identificá-los.

Por incrível que possa parecer em uma comparação do preço da gasolina praticado no Brasil e nos demais países do Mercosul. Antes do aumento do preço do litro da gasolina brasileira, a média no Brasil era de USD 1,11/litro, na Argentina USD 1,29/litro, no Paraguai USD 1,45 e no Uruguai USD 1,54/litro. Somente na Venezuela, considerado o país com a gasolina mais barata do mundo, o preço por litro é USD 0,02. Isso mesmo, dois centavos de dólares.

Olhando por essa ótica, não teríamos motivos para nos amedrontar com os constantes reajustes de preço, quando o Brasil até então apresenta um dos preços de gasolina mais competitivo do Mercosul.

Ainda sim, o que estamos vendo não é o aumento de 25% para 27% de álcool misturado à gasolina brasileira, ou o retorno da Cide (Imposto sobre a gasolina) aliado ao aumento de R$ 0,30 do PIS-Cofins sobre a gasolina, muito menos a ineficiência da cadeia logística. Tampouco estamos preocupados em saber que o preço do petróleo pelo mundo afora está despencando em torno de 55%, entre alguns fatores, devido a forte oferta da Arábia Saudita – maior produtor mundial de petróleo. Na contramão, o governo no Brasil eleva o preço a um patamar impactante nos bolsos do brasileiro, ainda que economicamente justificável.

Tudo isso é meramente informação que chega a uma velocidade inacreditável ao nosso conhecimento. Ainda que muitos estejam ocupados demais com outras coisas, aos poucos, grande parte dos brasileiros está vendo quem de fato paga a conta no final de tudo. Não se trata, portanto, de uma realidade diferente em nenhum outro país. Lá, porém, o preço da gasolina não é à moda brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIÓGRAFICAS
GLOBALPETROLPRICES. Disponível em: Fonte: http://pt.globalpetrolprices.com/Brazil/gas oline_prices/. Acesso em 17 Fev 2015.
HESSEL, Rosana. O Brasileiro paga a conta para aliviar Petrobras. Jornal Estado de Minas. Caderno Economia: Minas Gerais. Número 26.672, 2ª Edição.



Franciney Carvalho é graduado em Administração com ênfase em Comércio Exterior pelas Faculdades Promove e pós-graduado em Logística pela UNA. Professor de Comércio Exterior nos cursos de Administração, Logística e Contabilidade no Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional – CEFAP.



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