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Coluna / Tempo Esportivo / Surpresa positiva

Os primeiros jogos do Minas Boca no Campeonato Mineiro do Módulo II foram positivamente surpreendentes. Quando a diretoria do clube anunciou que não havia dinheiro disponível para grandes contratações e que o elenco para a disputa da competição em 2015 seria, basicamente, formado por atletas de Sete Lagoas e região, abateu-se sobre grande parte dos desportistas da cidade o tradicional pessimismo, que tem reinado por aqui nos últimos anos, sempre que algum time começa a disputa de um certame profissional. Também não era pra menos, após anos seguidos de insucesso com o Democrata (e em 2014 com o Minas), o descrédito tomou conta de quase todos.

Contudo, após as primeiras rodadas, com o desempenho da equipe dentro de campo, nem tanto pelo somatório de pontos (que até o fim da quarta rodada não passou de dois), mas principalmente pelo bom futebol e pela aplicação dos garotos escalados pelo competente Fred Incalado, o conceito de que “santo de casa não faz milagre” começou a ser revisto.

Ainda é muito cedo pra dizer se esse time vai vingar e se de fato conseguirá chegar ao hexagonal final do Campeonato Mineiro do Módulo II, mas, com toda certeza, já podemos admitir que apostar em atletas da cidade e região, que tenham identificação com o povo, que tenham raízes locais, parece ser um caminho muito mais promissor do que insistir na contratação dos chamados medalhões, que na maioria das ocasiões, já em fim de carreira, só querem ganhar um “dinheirinho” a mais e depois partirem, sem qualquer tipo de elo com o time e a cidade.

Minas Boca / Foto: Anderson MagalhãesMinas Boca / Foto: Anderson Magalhães

Neste particular, o Minas Boca faz história e apresenta uma filosofia de trabalho totalmente oposta a tudo que temos visto no interior do estado. Sabe-se que não foi por escolha e sim por necessidade (pela falta de fluxo de caixa no clube), mas a ideia me parece plausível, concreta e pode ser pioneira no Século XXI para o futebol das Minas Gerais.

A maior bomba da história

A Confederação Brasileira de Futebol, CBF, os clubes e alguns políticos se reuniram no início desta semana na sede da entidade, no Rio de Janeiro, para o conselho técnico do Brasileirão 2015. Entre as decisões mais importantes está a inclusão de uma regra que prevê perda de pontos para os clubes que não pagarem salários de jogadores.

A regra deve ser aplicada de forma idêntica ao que se pratica atualmente no Campeonato Paulista. Para que a pena seja aplicada, os jogadores precisam denunciar seus empregadores. Contudo, em São Paulo a medida não tem funcionado por falta de iniciativa dos próprios atletas.

A adoção da regra faz parte da negociação com deputados para que a renegociação das dívidas fiscais dos clubes saia do papel. A ideia é que os deputados votem o projeto de lei que trata do tema já na próxima semana. Se virar lei e for colocada em prática, esta será a maior medida corretiva, extra campo, da história do futebol brasileiro!

Longe do ideal

A vitória sobre o Guarani por 2 a 0, no último domingo, pelo Campeonato Mineiro, não foi suficiente para mudar a opinião do técnico Levir Culpi que ainda não está gostando daquilo que seus jogadores estão mostrando dentro de campo. Após a partida no Independência, o treinador concedeu sua entrevista coletiva e deixou claro que seus jogadores ainda podem desempenhar um papel melhor dentro das quatro linhas.

Durante toda a partida, Levir realizou apenas uma alteração. Por opção técnica, o treinador tirou o colombiano Cárdenas e promoveu a entrada de Cesinha. Nos 45 minutos finais, o time voltou a apresentar uma boa dinâmica, aumentando a movimentação com toques rápidos, mas ainda longe do padrão tático exibido no segundo semestre de 2014.

A partir de agora, o grupo alvinegro passa a se concentrar para o clássico deste domingo, contra o Cruzeiro, no Mineirão. Reforçando o que já foi falado aqui, seguramente, a falta de dinheiro e o excesso de confiança no grupo, que conquistou títulos importantes no ano passado, foram os principais motivos que levaram a comissão técnica a um erro de avaliação até certo ponto infantil, num momento em que não enxergaram que no elenco não havia ninguém à altura de Diego Tardelli, negociado com o futebol chinês e de outros, que saíram do clube ainda em 2014.

Loucura total

Em Minas Gerais, pelo andar da carruagem, não vai demorar a acontecer o que está sendo registrado no Rio de Janeiro. Com seus cinco patrocínios pontuais para dois clássicos contra Flamengo e Fluminense no Estadual, o Botafogo indicou um caminho perigoso para o futebol brasileiro e justificou por que patrocínios de longo prazo são raros em muitos dos principais clubes do país, apesar da popularidade. Sobretudo pela propaganda estampada nas costas, na partida do último domingo contra o Flamengo: “smartphone CCE Motion Plus R$ 179”. A “liquidação maluca” da Casa & Vídeo, posicionada na terceira região do uniforme de maior visibilidade na TV, reafirma o que o mercado esportivo já sabe: Times brasileiros vendem espaço publicitário, não patrocínio.

O Botafogo divulgou a “liquidação maluca” da Casa & Vídeo porque sua camisa aparece por uma hora e meia em TV aberta. Não que o departamento comercial do Botafogo mereça ser execrado pelo negócio, o problema é que publicidades pontuais como a da Casa & Vídeo desvalorizam ainda mais um produto que já carece de credibilidade, sobretudo após a queda do clube para a segunda divisão do futebol nacional.

Se essa moda realmente pegar, teremos os nossos principais clubes com o pires na mão, a cada semana, fazendo os vultuosos patrocínios anuais, transformarem-se numa espécie de Tv Balcão, com foco totalmente voltado para os produtos de varejo e liquidações relâmpago. Não é pra isso que o futebol foi criado e certamente não será assim que ele conseguirá se sustentar, sobretudo, em tempos de “vacas magras”. É bom pensar nisso!



Álvaro Vilaça é formado em Comunicação Social e Marketing, apresentador de TV, narrador e repórter esportivo da Rádio Inconfidência de Belo Horizonte, Diretor de Programação e Coordenador de Esportes da Rádio Eldorado e do Jornal Hoje Cidade. Também é o responsável pela coluna de Esportes do Jornal Notícia e é professor de Negociação, Compras e Marketing das Faculdades Promove de Sete Lagoas. Pós-Graduado em Administração e Marketing.



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