Vereador vota contra própria matéria e Câmara mantém voto secreto em dia “vergonhoso”
Depois de terminada a votação que manteve o voto secreto na Câmara dos vereadores, Milton Martins, PSC, classificou o resultado como “vergonhoso”. O parlamentar chegou a essa conclusão depois de ver reprovados o substitutivo que mantinha apenas a eleição da mesa diretora em voto secreto e o projeto original que propunha voto aberto em todos os trâmites no Legislativo.
Tanto o projeto de lei original que previa o voto aberto quanto o substitutivo reprovados foram propostos por pastor Alcides, PMDB, que curiosamente votou contra a própria matéria depois de ver o substitutivo vetado por oito votos a sete. A reação de Alcides e dos outros colegas que votaram contra o projeto original pode ser entendida como uma retaliação já que o substitutivo foi barrado.
Além do propositor da matéria, votaram contra a aprovação do voto aberto Gilberto Doceiro, PMDB, Ismael Soares, PSOL, João Evangelista, PSDB, Milton Saraiva e Dr. Euro do PP. A discussão da proposta foi acalorada em vários momentos e a reunião dessa terça-feira, 21, se estendeu até as 21h.
Depois de ouvir vários colegas se posicionarem de forma contundente e contrária ao substitutivo que previa voto fechado para eleger a presidência, Pastor Alcides defendeu sua convicção por quase 30 minutos e garantiu que não tem nenhuma pretensão “de sentar naquela cadeira (de presidente)”. O pmedebista disse ainda que não deve nada a ninguém e que “faço política porque está no sangue”.
A favor do voto aberto em todas as situações ficaram Dalton Andrade e Caramelo, PT, Douglas Melo e Milton Martins, PSC, Marli de Luquinha, Marcelo Cooperseltta e pastor Fabrício, PMN, e Padre Décio, PP. Renato Gomes, PV, não compareceu ao encontro por motivo de doença, Joaquim Gonzaga, PSL, não estava no plenário na hora da votação e o presidente Marcio Paulino não tem direito a voto.
O clima na Câmara que se prepara para eleger nova mesa diretora em dezembro não é dos melhores e o experiente Milton Saraiva disse que “participei de oito eleições e nenhuma está com a pressão como está sendo em 2014”. Douglas Melo afirmou que “se votarmos fechado para a presidência não conseguiremos fazer nada nessa Câmara”. Cobrado pelo código de ética do Legislativo, Cooperseltta questionou: “Como cobro código de ética se voto secreto na mesa diretora? Tem que parar com esse teatro aqui”.
A expectativa pela votação era grande já que o projeto pelo voto aberto tramitou por mais de um ano na Câmara e quando seria apreciado na última reunião foi retirado de pauta por um pedido de vistas de Pastor Alcides. A surpresa e o motivo da discussão se deram por conta da inclusão do substitutivo que garantia o voto fechado para a mesa diretora. Ainda em sua defesa, Pastor Alcides rechaçou qualquer pressão para incluir o parágrafo.
“Fiz de foro íntimo. Não tenho cargos (na prefeitura) nem pretendo, não recebi ligações e nem frequento palácios”, disse Alcides para justificar sua posição de incluir voto secreto para mesa diretora no projeto que anteriormente previa voto aberto em todas as situações.
Por Marcelo Paiva