Grupos teatrais de Sete Lagoas retornam do Chile e pedem ajuda para continuar o trabalho
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Os grupos sete-lagoanos Carroça Teatral e o Grupo Drama de Teatro foram convidados a participar do ETACC 2014 - Chile - Centro Cultural e Coletivo Teatral La Mandrágora e retornaram com muitas histórias.
Segundo Paulinho do Boi ator e diretor do Carroça Teatral a experiência “foi em tom de muita troca artística, amparados por uma receptividade festiva e acolhedora”. Uma das integrantes do Grupo Drama de Teatro conta que “foi um encantamento a primeira vista, Santiago é incrível, pessoas maravilhosas e acolhedoras”.
“Chegamos à sede de Mandrágora as 14 horas de segunda-feira e o impacto com o lugar foi o que nos marcou. Achupallas é uma periferia e Mandrágora é a válvula de escape daquele povo”, relata a integrante do grupo Drama. O encontro com o Carroça Teatral foi um desfile de carnaval ao toque de olodum, “coisas que eles fizeram para nos agradar”, conta Paulinho do Boi.
Nos três primeiros dias os artistas do Drama ficaram hospedados na sede e foi tempo suficiente para se apaixonarem por Achupallas, Mandrágora e sua bela vista para o mar. “Em um morro onde não tem água quente para tomar banho, e muito frio, carinho e cumplicidade não faltaram”, conta.
“Ficamos em uma comunidade com muitas necessidades em termos de infraestrutura, porém grandiosa no tratamento e na essência artística” destaca Paulinho que ainda conta que o Carroça Teatral foi recebido pelos chilenos nos alpendres de suas casas “gritando e nos dando boas vindas”, descreve.
A comunidade apesar de carente foi descrita pelos dois grupos como muito acolhedora. “Legal é que os vizinhos é que estavam nos mantendo com comida, muitas frutas e legumes. Toda hora chegava bandeja de fruta e legumes”, conta Paulinho. “A troca com os grupos foi de arrepiar, o esforço dos chilenos em fazer com que compreendêssemos o que estavam falando foi incrível. Quando não entendíamos alguma coisa, todo mundo parava o que estava fazendo e se aglomerava para tentar explicar tal coisa”, conta outro integrante do grupo Drama.
“Todas as noites além de espetáculos, tínhamos uma fogueira, e ao redor, fazíamos uma roda de músicas, era mágico quando alguém cantava e tocava e alguns mesmo sem entender vibravam com o ritmo e com a emoção daquele momento”, lembra um integrante do grupo Drama.
O respeito dos chilenos com o meio em que vivem também foi destaque. “Ficamos boquiabertos com os Chilenos pedindo passagem para uma aranha caranguejeira transitar sem que ninguém a matasse. Começamos a pensar no respeito pela vida que os chilenos tem. A energia dos artistas locais começava a nos contagiar e a justificativa do encontro começou a fazer mais sentido para todos nós”, lembra Paulinho.
A dificuldade que os artistas de grupos pequenos no Chile passam para sobreviverem de arte também chamou a atenção do Grupo Drama. “É impressionante a semelhança com o Brasil. Todos os problemas que os artistas brasileiros passam para manterem sua dignidade trabalhando com a arte, os chilenos passam também: a inviabilidade das leis de incentivo, os teatros vazios, os trabalhos por fora”.
A experiência foi enriquecedora para os grupos que já voltaram para Sete Lagoas fazendo mais espetáculos gratuitos para o público. O Grupo Carroça Teatral recebeu convite para voltarmos em Santiago em outubro de 2015 em um festival intercolegial.
O Carroça Teatral ainda está com uma dívida de R$ 14 mil e está vendendo rifas para cobrir os custos além e continuar a oferecer os espetáculos para o grande público. Quem puder ajudar pode entrar em contato através do (031) 3775 2269 e falar com Cláudia ou depositar qualquer quantia na Conta 2611 - 8 - Caixa Econômica Federal - Agência 154.
Por Nayara Souza.