Captação pode não resolver problema da falta d'água na cidade, alerta coordenador do CBH Rio das Velhas
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Um trabalho de pesquisa concluído este ano por estudantes de medicina orientados pelo professor Marcus Vinícius Polignano, que também é coordenador geral do Projeto Manuelzão e do Comitê de Bacias do Rio das Velhas, CBRV, revela que a degradação do rio na região metropolitana de Belo Horizonte pode inviabilizar, em dois anos, a nova captação de água que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto, SAAE, está realizando em Sete Lagoas.
A obra consiste na captação de água superficial do Rio das Velhas em Funilândia que é o ponto mais próximo a Sete Lagoas. A água será tratada e transportada por 26 km de adutoras até o município, distribuída em 12 reservatórios interligados e tem sido apontada pela administração atual como uma das principais soluções para a falta de água que afeta o município no período de estiagem.
Segundo o estudo citado por Polignano, no workshop “Water Crisis”-a Crise nas Águas, que começou na segunda, 17, na UFMG, a seca, o assoreamento do Rio das Velhas devido ao desmatamento, atividades mineradoras e o despejo de esgoto industrial e doméstico nas nascentes do rio tem gerado uma vazão muito baixa em alguns trechos. A participação de Sete Lagoas na contaminação é significante através de despejo irregular de esgoto e outros dejetos no Ribeirão Jequitibá, um dos afluentes do Rio das Velhas.
A baixa vazão combinada com a poluição é o ambiente para a proliferação de cianobactérias, um tipo de alga que inviabiliza a captação de água, por ser altamente tóxica quando ingerida.
A situação de penúria dos rios São Francisco e Velhas não tem volta no curto prazo. A recuperação do volume de água dessas bacias não depende apenas da estação chuvosa, mas, sim, de medidas de gestão integradas para a recuperação ambiental como um todo, alertou Polignano durante o workshop.
Para o coordenador do Manuelzão, “nossa política atual é de exaurir esse recurso. Hoje as pessoas estão consumindo, consumindo, até o momento em que não há mais o que consumir. Nesse contexto, pensam em fazer governança. Isso é um absurdo, os sinais dados pelo meio ambiente são claros, o que faltou foi exatamente governança e essa é uma discussão que diz do presente e do futuro porque se persistir esse modelo, ele não se sustenta, não se mantém e não se viabiliza”, ressaltou.
Da redação com informações O Tempo e Projeto Manuelzão