Eduardo Cunha anuncia rompimento político com governo antes de pronunciamento
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O pronunciamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), estava previsto para hoje (17) as 20h30, em cadeia nacional de TV, mas a poucas horas segundo informações da Agência Brasil, ele anunciou o rompimento com o governo. Cunha após anunciar o afastamento disse que, apesar da decisão, vai manter a condução da Câmara dos Deputados “com independência”.
A decisão foi motivada pela acusação de que o peemedebista recebeu US$ 5 milhões em propina para viabilizar um contrato de navios-sonda da Petrobras para a empresa Toyo Setal. A acusação foi feita pelo empresário Júlio Camargo em depoimento ontem (16) ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato.
Cunha reafirmou que há uma tentativa por parte do governo de fragilizá-lo. "Está muito claro para mim que esta operação [Lava Jato] é uma orquestração do governo", disse. Ele lembrou que, desde junho, o Executivo iniciou uma "devassa fiscal" em suas contas. "Esse tipo de devassa, de cinco anos, é um constrangimento para um chefe de Poder". Cunha diz haver interferência do governo nas investigações da Lava Jato, mesmo com o envolvimento de petistas. Segundo ele, esses nomes não fazem parte do “processo”. “O governo tem ódio de mim, não me engole e fez tudo para me derrotar. Eu ignorei até agora este processo. Tem um bando de aloprados no Palácio”, afirmou sem citar nomes.
Eduardo Cunha reforçou que sua decisão é pessoal e disse que nenhum parlamentar precisa seguir seu posicionamento. Na prática, a decisão deve limitar-se ao convencimento de outros peemedebistas. “Vou tentar levar meu partido para a oposição”, afirmou. Como presidente da Câmara, Cunha apenas vota se houver empate em algum placar do plenário. Ele garantiu que não pretende prejudicar o país com sua saída da aliança. “Não tenho perfil de incendiário do país”.
Mesmo seu nome estando na divulgação da lista de Janot (suspeitos de participar de irregularidades na Petrobras), veja AQUI, Cunha lembrou que, como parlamentar, tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “É muito mais confortável para mim [que seja feita a denúncia] para sair do julgo da forçação de barra que está sendo feita. Não vejo base legal para que seja aceita [a denúncia], mas o fato de ser denunciado não quer dizer que sou culpado”.
Em nota, a presidência do PMDB informou que a manifestação de Cunha é "a expressão de uma posição pessoal" respeitada pelo partido, qualquer decisão partidária só pode ser tomada "após consulta às instâncias decisórias do partido: Comissão Executiva Nacional, Conselho Político e Diretório Nacional".
Um estudante de direito Rodrigo Veloso, de 23 anos, e dois de ciências sociais Gopala Miron, de 19 anos e Fabrício Mangue, de 21 anos de idade, fizeram uma mobilização nas redes sociais para manifestação no pronunciamento de Cunha. A ação atraiu mais de 50 mil pessoas que se dispuseram a participar do Barulhaço.
Como não haverá o pronunciamento, não se sabe se a manifestação acontecerá. Outro grupo se levantou na internet com o nome de Boicote ao Barulhaço no Pronunciamento de Eduardo Cunha, indagando fora ao PT.
Da redação com Agência Brasil